A Constituição brasileira e os desafios para o combate à desigualdade de gênero

Autores/as

  • Gabriela Shizue Soares de Araujo Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil
  • Juliana Cardoso Ribeiro Bastos

Palabras clave:

constitucional, igualdade, gênero, direitos políticos, cidadania, democracia paritária

Resumen

A partir da grande importância da obra inovadora “A Constituição por elas: a interpretação constitucional sob a ótica das mulheres”, que tem a preocupação de oferecer a interpretação da Constituição por “elas”, considera-se indispensável o olhar sobre a participação política das mulheres na sociedade brasileira. A interferência das pessoas na tomada de decisões políticas na sociedade não é algo meramente simbólico no sentido da existência do seu reconhecimento; ao contrário, oferece a quem participa o sentimento de “pertencimento social”, deixando de ser invisível dentro de uma sociedade da qual participa. Ponderando sobre a evolução histórica, denota-se que, primeiramente, foi alcançada a igualdade formal em muitos países e, também, no Brasil. Contudo, em um Estado que se caracteriza como democrático, a partir dos pilares da liberdade e igualdade, ainda há alguns desafios a serem enfrentados para a chamada igualdade material. Embora na maioria dos países democráticos do Ocidente as mulheres tenham conquistado formalmente seus direitos políticos até meados do século XX, como foi o caso do próprio Brasil, não é possível dizer que isso tenha se refletido automaticamente na conquista da igualdade de gênero substantiva. Com a finalidade de identificar esses desafios no reconhecimento da igualdade de gênero e, de modo especial, o da participação da mulher na tomada das decisões políticas, olha-se, nesse artigo, inicialmente, para a questão histórica ligada à participação popular, ao exercício da cidadania e aos seus reflexos à luz da igualdade de gênero.   Na sequência, busca-se a percepção atual sobre a igualdade de gênero na política e o que ainda se configura como obstáculo para a democracia paritária. Por fim, a partir da necessidade de uma mudança cultural da concepção que privilegia o homem em detrimento da mulher, analisam-se as premissas e os direcionamentos constitucionais para a efetividade da igualdade de gênero na sociedade brasileira.

Biografía del autor/a

Gabriela Shizue Soares de Araujo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil

Doutora (2021) e Mestre (2013) em Direito Constitucional pela PUC-SP. Professora de Direito Constitucional na PUC-SP. Especialista em Justiça Constitucional e Tutela de Direitos Fundamentais pela Universidade de Pisa - Itália (2018). Concluiu a pós graduação lato sensu em Direito Tributário no COGEAE-PUC/SP, em 2005. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002). Avaliadora da Revista Eletrônica de Direito Eleitoral e Sistema Político da EJEP/TRE-SP. Atua como advogada nas áreas de Direito Constitucional, Direito Administrativo e Direito Eleitoral. Consultora e Palestrante sobre Direitos Humanos, inclusão, diversidade e responsabilidade social para empresas e instituições. Integra a Associação Americana de Juristas, Organização não Governamental com representação permanente na ONU, onde coordena o Observatório Eleitoral Internacional da Rama Brasil. Vice-presidente do Instituto Brasileiro de Contas, Diretora de comunicação do Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo e associada do IASP - Instituto dos Advogados de São Paulo. Associada da CAOESTE - Conferencia Americana de Organismos Electorales Subnacionales por la Transparencia Electoral -; e da ABRADEP - Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político. Autora da obra Mulheres na Política Brasileira: Desafios Rumo à Democracia Paritária Participativa. 1. ed. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2022. v. 01. 268p .

Juliana Cardoso Ribeiro Bastos

Advogada graduada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 2006. Mestre (2010) e Doutora (2021) em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Especialista em Giustizia Costituzionale e tutela giurisdiziojale dei dirigi pela Università di Pisa. Professora de Direito Constitucional na graduação das Faculdades Metropolitanas Unidas e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Coordenadora do Núcleo de Direito Constitucional da Comissão do Acadêmico em Direito da OAB/SP (2017 a 2019). Membro efetivo do Núcleo de Memória dos Direitos Humanos, no âmbito da Comissão Permanente de Direitos Humanos (2019-2021). Membro da Conferencia Americana de Organismos Electorales Subnacionales por la Transparencia Electoral (CAOESTE). Coordenadora do Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade de Direito da PUC-SP (2021 - em andamento). Membro do Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional (IBDC). Membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP). Secretária-Geral da Comissão de Direito Constitucional da OAB-SP (2023). Produção principal: A Constituição Econômica e a Sociedade Aberta dos Intérpretes.

Citas

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Publicado

2022-09-10

Cómo citar

Araujo, G. S. S. de, & Bastos, J. C. R. (2022). A Constituição brasileira e os desafios para o combate à desigualdade de gênero. Revista Do Tribunal Regional Federal Da 3ª Região, 33(154), 15–29. Recuperado a partir de https://revista.trf3.jus.br/index.php/rtrf3/article/view/144

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