Mulheres no cárcere

uma breve discussão sobre a realidade de gênero no sistema prisional brasileiro

Autores

Palavras-chave:

cárcere, gênero, mulheres, sistema prisional, violações

Resumo

As mulheres, por muito tempo, estiveram em número pouco expressivo no sistema prisional, mas, a partir da década de 2000, houve um crescimento exponencial de mulheres encarceradas. Esse aumento colocou o Brasil em terceiro colocado no ranking global de população prisional feminina, contando com 46.604 mulheres, segundo dados obtidos em 2023. Entretanto, as prisões não foram planejadas para o público feminino, são construídas por homens e para homens, o que enseja várias violações às mulheres encarceradas, mas pouco se trata desse tema de grande relevância social e política no país. Pretende-se responder a seguinte pergunta: como ocorrem as violações durante o processo de encarceramento das mulheres no Brasil? Este estudo utilizar-se do método de abordagem dedutiva, métodos de procedimento bibliográfico, e como técnica de pesquisa a documentação indireta com os dados coletados dos órgãos públicos. Conclui-se que a atuação do Estado em reformulação do sistema prisional brasileiro, direcionado às especificidades femininas é urgente. As violações sistemáticas dos direitos humanos, em especial das mulheres encarceradas, revelam não apenas a ineficácia do sistema, mas também sua crueldade e desumanidade. Portanto, é imperativo que sejam implementadas políticas que respeitem a dignidade e os direitos básicos de todas as pessoas privadas de liberdade, reconhecendo suas necessidades específicas e garantindo condições mínimas de saúde, higiene e bem-estar. A luta por um sistema prisional justo e humanizado, também considerando as peculiares condições do gênero feminino, é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Biografia do Autor

Martina Bueno da Silva, Atitus Educação/RS

Mestranda em Direito pelo Programa de Pós-graduação "Stricto Sensu" da Atitus Educação, na área de concentração em Direito Democracia e Tecnologia, na Linha de Pesquisa Fundamentos Jurídico - Políticos da Democracia (Passo Fundo/RS, Brasil). Graduada em Direito pela Faculdade Meridional (IMED). Integrante do Grupo de Pesquisa Biopolítica, Gênero e Direito, coordenado pela Profa. Dra. Leilane Serratine Grubba (Atitus Educação), vinculado ao Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atualmente Analista de Assessoria Executiva da Atitus Educação.

Maria Cristina Kurtz de Lima, Atitus Educação/RS

Mestranda em Direito pelo Programa de Pós-graduação "Stricto Sensu" da Atitus Educação, na área de concentração em Direito Democracia e Tecnologia, na Linha de Pesquisa Dimensões Jurídico - Políticas da Tecnologia e da Inovação (Passo Fundo/RS, Brasil). Graduada em Direito pela Faculdade Meridional (IMED). Integrante do Grupo de Pesquisa IAJUS TEAM vinculado ao CNPq e Grupo de Estudos sobre Neoliberalismo e Direito - FnD. 

Neuro José Zambam, Atitus Educação/RS

Pós-Doutor em Direito pela Universidade Mediterranea di Réggio Calábria (2021) e em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2014). Doutor em Filosofia pela PUC/RS. Professor do Programa de Pós-Graduação em Direito da Atitus Educação - Passo Fundo/RS. Membro do Grupo de Trabalho Ética e Cidadania da ANPOF (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Filosofia). Líder do Centro Brasileiro de Pesquisa sobre a Teoria da Justiça de Amartya Sen (CNPq).

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Publicado

23-07-2024

Como Citar

Silva, M. B. da, Lima, M. C. K. de, & Zambam, N. J. (2024). Mulheres no cárcere: uma breve discussão sobre a realidade de gênero no sistema prisional brasileiro. Revista Do Tribunal Regional Federal Da 3ª Região, 35(159), 101–122. Recuperado de https://revista.trf3.jus.br/index.php/rtrf3/article/view/499

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Artigos