Novos direitos e ativismo judicial

Autores

  • Juliana Guimarães Müller Faculdade Autônoma de Direito, FADISP, Brasil.
  • Carolina Noura de Moraes Rêgo Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, FDUC, Portugal

Palavras-chave:

Teoria geral do Direito, Novos direitos, Neoconstitucionalismo, Ativismo judicial

Resumo

Este artigo busca, a partir de uma perspectiva histórica, analisar os fundamentos de aplicabilidade das normas e sua natureza ao longo do tempo, bem como a sua atual configuração face às mudanças sociais e aos novos direitos, a fim de verificar a resposta dada pelo ordenamento jurídico para tais fenômenos. Examina-se o caminho percorrido desde a doutrina jusnaturalista, para a qual o direito é uma ordem natural; com passagem pelos ideais positivistas com o fundamento da norma retirado sempre de outra norma hierarquicamente superior, consoante capitaneado por Kelsen; até as discussões hodiernas quanto à centralidade da Constituição nos ordenamentos jurídicos e a busca da efetividade dos direitos fundamentais nela assegurados. Discutem-se, ainda, os limites do neoconstitucionalismo na atividade de interpretação autêntica, a distinção entre princípios e regras e a sedimentação da teoria da normatividade dos princípios jurí­dicos, entendidos como espécies normativas dotadas de substancialidade e aplicabilidade, bem como a postura ativa do Judiciário frente às lacunas e omissões legislativas estatais, com o escopo de refletir se são positivas ou negativas para a unidade do ordenamento jurídico.

Biografia do Autor

Juliana Guimarães Müller, Faculdade Autônoma de Direito, FADISP, Brasil.

Especialista em Direito Processual Civil pela Faculdade Autônoma de Direito (FADISP) e pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Mestranda em Direito na Faculdade Autônoma de Direito (FADISP). Servidora Pública Federal. Assessora II no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

Carolina Noura de Moraes Rêgo, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, FDUC, Portugal

Pós-doutoranda no Programa de Pós-Doutoramento em Democracia e Direitos Humanos na Universidade de Coimbra (2023 - ). Advogada. Assessora Jurídica no Ministério Público Federal (2018 - 2023) Doutora na Linha de Pesquisa Função Social do Direito Constitucional pela Faculdade Autônoma de Direito - FADISP (2019).Mestre em História pela Universidade de Brasília - UnB (2002). Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Brasília - UniCEUB (2009).Licenciada em Língua e Literatura Francesa pela Universidade de Nancy - França (2002).Licenciada em História pelo Centro Universitário de Brasília - UniCEUB (1999). Assessora Legislativa no Congresso Nacional (Senado e Câmara - 2000-2015). Parecerista na Revista Pensamento Jurídico, na Revista Científica da Faculdade de Direito da Universidade Metropolitana de Santos - Legalis Scientia e na Revista Direitos Culturais. Experiência no ensino de Direito com docência nos programas de Doutorado, Mestrado e Graduação e Coordenação de Curso, com ênfase em: Direito Constitucional, História do Direito, Filosofia do Direito Ética, "Novos" Direitos, Direito de Família, Metodologia de Pesquisa Jurídica, Língua, Literatura e História Francesa e Revisora.

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Publicado

10-10-2022

Como Citar

Müller, J. G., & Rêgo, C. N. de M. (2022). Novos direitos e ativismo judicial. Revista Do Tribunal Regional Federal Da 3ª Região, 33(155), 17–36. Recuperado de https://revista.trf3.jus.br/index.php/rtrf3/article/view/12

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